terça-feira, 25 de abril de 2017

Oceano do caos


São tempos agitados, cheios de medos.

O chão e o ar parecem tremer. Caminhar está difícil, acordar e achar uma motivação está difícil, ter uma perspectiva de um futuro utópico belo saudável... Também está difícil.

Estamos mergulhados num sistema em colapso. Anos e anos colonizados, e esse mesmo sistema se encontra em crise, rachado, tentando inutilmente se manter e se estabelecer.

Os reis e governantes, com poder e ouro vazando dos bolsos, e fazendo sangrar os pobres, os oprimidos e os solitários (Que vivem até o ultimo suspiro tentando derrotar o sistema no qual não se encaixam).

Um sistema que nos aliena, nos separa, nos põe em caixinhas, que nos embolham.

Celulares e fones, paredes frias, bloqueiam o dom da conexão que a natureza nos deu.

Sistema que pressiona, depressiona, deprecia e esmaga. Sistema que nos isola e solidifica a solidão.

Uma ilusão de solidão, mas tão real quanto o silêncio. Um silêncio afetivo. Sem calor, apenas o frio.

A solidão é como um mar gelado, sem vida. Onde as sereias são a fantasia/arte que nos impedem de afogar, uma fuga da loucura. Beleza, musica, histórias, sexo, vício, curvas, simetria, desejo...

Os breves momentos de conexão, são ilhas, com areia quente... acabam, são engolidas pelo mar.

Uma eterna busca por terra, por sociedade, pelo sólido, pelo estável. Um nado desesperado...

Baleias azuis, selvagens e geladas, afogam os desesperados que congelaram, não veem saídas, não veem ilhas... O mar engole e puxa para as trevas do desconhecido, numa esperança de um paraíso do outro lado... Um continente.

Por que esse desespero? Por que não sou feliz? Por que não sou livre? Por que eles fazem isso? Por que a guerra? Por que?

A resposta, é imensa como o próprio oceano. Cheio de monstros. Todos temos um monstro dentro de nós que convive ao lado de nossa luz.

Tempos em que questionamos o sistema como um todo. É assustador imaginar como seria o mundo depois do fim dele, mas também é aterrorizante pensar que ele pode se restabelecer e manter seus domínios torturantes.

Qual apocalipse escolher?

Pra sobreviver, o jeito é encontrar calor, unir-se, fortalecer-se, fazer sociedade, rir, ter esperança... Construir um continente.